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Alguns leitores podem até não conhecer a editora, mas com certeza conhecem seus títulos, que vão dos populares mangás Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco aos papas dos quadrinhos underground norte-americano Robert Crumb e Gilbert Shelton.
Nos últimos anos, a Conrad estava passando por sérios problemas financeiros e ela quase foi comprada pela Ediouro (que já havia comprado a Pixel e a Desiderata), mas esta desistiu na última hora. No dia 5 de fevereiro, o grupo IBEP – Nacional soltou uma nota para a imprensa oficilizando a compra da Conrad e que iria “preservar a identidade editorial”.
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No final dos anos 70, quando todo mundo estava no movimento estudantil, eu também estava. Quando todo mundo estava em uma organização semi-clandestina de esquerda, eu também estava. Quando surgiu o PT, participei das campanhas de filiação, ajudei a fundar o partido em várias cidades e até fui delegado em um congresso estadual. Depois, nos anos 80, quando todo mundo montou uma banda de rock, eu também montei. E lancei um disco pela Warner, como quase todas as novas bandas faziam. Quando os quadrinhos viveram aquela euforia dos anos 80, eu era editor de uma revista em quadrinhos, a Animal (ganhei o Prêmio HQ Mix de melhor editor de 1989, ou seja, há vinte anos). Depois, todo mundo foi ser jornalista e eu também fui. Trabalhei para o Estadão, Folha, Azul e outras. E assim tem sido a vida: quando Pokémon estourou, eu era o editor. Lancei o Dragon Ball meio na dúvida, e aquilo virou a nova onda. E quando falou-se da tal “nova literatura pop brasileira”, eu era o editor. Para alguém que queria tanto ser original, eu sou uma miserável decepção. Pelo menos não cheguei a ser videomaker, DJ ou fazer um curso de enologia.
Sedentário - Como foi o surgimento da Editora Conrad?
Sedentário - Dentre todos os título que vocês lançaram, quais foram os maiores sucessos de público e quais os que vocês mais gostaram de ter publicado?
Rogério – Gostei de publicar quase tudo, até as coisas que não venderam. Os maiores sucessos foram Pokémon, Dragon Ball, a Herói (que foi a revista mais vendida das bancas brasileiras), Cavaleiros do Zodíaco, a Super-Menina e, neste momento, o Calvin & Haroldo. Tenho muito orgulho da Coleção Baderna. E que Assalto à Cultura inspirou tantos “artivistas” brasileiros. E de ter feito a primeira edição do Jornada Para o Oeste, fora da China. E a primeira edição do basco Zestas, e do austríaco Vallat, e do italiano Dália Azul, e do espanhol Tina Modotti fora de seus países de origem. E tenho orgulho de nossas edições serem reconhecidas como algumas das melhores do planeta, sendo que capas para livros gringos nossas foram compradas por editores de diversos países, como Inglaterra, França e Polônia. E tenho orgulho que o editor francês de Gen Pés Descalços diz em uma entrevista para uma revista francesa que decidiu publicar o livro depois de conhecer a edição brasileira. E o mesmo diz a Carlsen da Alemanha e até a Tara, da índia! E tenho orgulho de termos uns seis prêmios de melhor editora do Brasil nos últimos oito anos.
Sedentário – Existe alguma obra que você sonha em lançar, mas sempre surge alguma coisa que o impede na última hora?
Rogério - Tinha o Che, de Breccia e Oesterheld. Venho tentando publicar isso há muitos anos. E tem outros, que eu não conto agora.
Sedentário - A compra da editora Conrad pelo grupo IBEC – Companhia Editora Nacional trará alguma grande mudança na identidade editorial, na estrutura comercial ou no regime operacional? O que podemos esperar desta incrível parceria que acaba de surgir?
Rogério – A Conrad tem uma identidade muito conhecida. É isso que somos e é por isso que valemos. Agora temos mais estrutura para crescer e fazer o que sempre fizemos, que é, entre outras coisas, fazer o que nunca foi feito.
Sedentário - Além destas novidades, vocês vão continuar a publicar os mangás que estão paralisados, como Battle Royale, Blade, Vagabond, Monster, Sanctuary, One Piece…?
Rogério – O plano é esse. E muito mais.
Sedentário - Vocês vão continuar a públicar obras de grandes mestres dos quadrinhos, como Manara, Crumb e Shelton? Já tem algum projeto em mente?
Rogério - Sim. Estamos lançando o Verão Índio. E no final lançaremos Genesis, do Crumb, que será certamente o principal lançamento dos quadrinhos no planeta neste ano.Sedentário – Dentro da sua experiência como você vê o efeito desta Crise Financeira no mercado editorial brasileiro, principalmente o especializado em HQs?
Rogério - De todas as áreas do mercado editorial, os quadrinhos são os que estão sofrendo menos.
Sedentário - Muitas pessoas estão declarando o fim da mídia impressa, o que vocês pensam sobre isso? Já estão trabalhando em alguma alternativa digital para o conteúdo que vocês costumam publicar?
Rogério – Não temos medo do futuro. Temos pressa que ele chegue logo. Ao mesmo tempo aprendi que, no mundo digital, nem sempre é vantagem chegar primeiro.
Sedentário - Nos últimos tempos, a Conrad ganhou papel de destaque por publicar alguns dos melhores álbuns de quadrinhos nacionais, como Chibata! e a adaptação de A Relíquia do Marcatti. Vocês têm planos de continuar com este trabalho? Em caso positivo, quais são os próximos títulos (o jornalista Paulo Ramos informou que vocês estão preparando uma biografia do Adoniram Barbosa feita pelo próprio Marcatti)?
Rogério – Sim, o Marcatti está preparando sua superprodução sobre o Adoniram Barbosa. As expectativas são muito grandes. Mas já neste mês temos dois candidatos à melhor álbum do ano: Brasileiros, de André Toral, e Sábado dos Meus Amores, do Marcello Quintanilha (ex-Gaú). São dois dos maiores quadrinistas que o Brasil já produziu. Únicos.
Sedentário - Pra finalizar, como vai ficar a linha de livros de vocês? Pretendem continuar com a espetacular Coleção Baderna?
Rogério – Não sei. Estou matutando a respeito de como fazer com que a Baderna não se torne uma instituição. Ele precisa continuar perigosa.
Sedentário - Como e por que ocorreu a saída de André Forastieri (que depois montou a Pixel) da Conrad?
Rogério - Prefiro não falar do assunto. Pode parecer que estou tripudiando.
Sedentário - Estava olhando com nostalgia o conteúdo da Animal e só podia pensar numa coisa: por que não trazer a revista de volta? Será que ainda existe um mercado para este tipo de publicação?
Rogério – Sou saudoso dos tempos da minha mocidade, quando o Gang Of Four cantava “nostalgia is no good”. A sério: não tenho interesse em repetir outros já fizeram, quanto mais ter interesse em repetir o que eu fiz no passado.
Sedentário - Os leitores do Sedentário & Hiperativo reclamaram bastante do cancelamento de séries como Dr. Slump. Existe alguma chance delas voltarem?
Rogério – Vamos ver o que acontece no mercado de mangás brasileiros nos próximos tempos.
Sedentário – Qual o prazo para regularizar o lançamento dos mangás interrompidos, como Vagabond, Blade, One Piece e etc?
Rogério – Estamos ajustando tudo. Vamos ver.
Créditos:
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