Seria o primeiro jogo 2D da nova série "Castlevania" apenas uma mudança de perspectiva?
"Castlevania" é 2D. É uma espécie de dogma cultivado no consciente coletivo de fãs e produtores por meio de infelizes experimentos no reino da modelagem 3D (de desastres como "Castlevania 64" a jogos medianos como "Curse of Darkness" de PS2 e sucessos tímidos como o recente "Lords of Shadow"). É inclusive os avanços da espanhola Mercury Steam em revitalizar não apenas a jogabilidade como a mitologia da série que está inspirando o próximo passo da Konami. E não é exagero dizer: a empresa está entrando com os dois pés neste rio.
Além da sequência direta de "Lords of Shadow" para PS3 e Xbox 360, a Mercury Steam está desenvolvento o game "Castlevania: Lords of Shadow - Mirror of Fate" para 3DS. Com uma trama que serve como elo entre ambos os games, foco no casting de suporte e um valor de produção mais minguado, o game tem tudo para ser o franguinho entre os pesos-pesados da nova geração de "Castlevania". Mas não se engane: "Mirror of Fate" leva para o tatame responsabilidade de faixa preta.
"Mirror of Fate" é o primeiro jogo "Castlevania" para um portátil Nintendo desde "Order of Eclessia" de 2008, e o mais novo passo da franquia em seu mais prolífico ambiente (fãs de fato da série se acostumaram a saber que as notícias de um novo "Castlevania" portátil são de longe as melhores). E não é apenas legado: o novo "Lords of Shadow" é o primeiro jogo 2D sem a supervisão do icônico produtro Koji Igarashi, que tem sido sinônimo de bons jogos "Castlevania" há duas décadas.
"Mirror of Fate" traz a família Belmont de volta para os holofotes: Trevor e seu filho Simon se juntam a Gabriel (de "Lords of Shadow") e Alucard (do brilhante "Symphony of The Night") em uma trama que remete aos tempos mais simples de "Super Castlevania IV". A demo a que tivemos acesso nos coloca na botas do caçador de vampiros Trevor Belmont em seus primeiros momentos no castelo de Drácula. É tudo até bem retrô: tirando a câmera que mostra a ação em ângulos, todo o movimento é realizado em 2D, o cenário é dividido em salas e há até um mini-mapa no estilo "Metroid" mostrando áreas já-visitadas e objetivos.
É na hora de dar a primeira chicotada que a coisa muda de figura. Diferente de outros jogos da série, "Mirror of Fate" traz um grande enfoque em combos: o chicote de Trevor é capaz de realizar até quatro golpes em sequência que podem ser misturados com ataques de área e parries para algumas combinações devastadoras. O resultado é um sistema de luta bem mais encorpado que outros jogos 2D, mas que desacelera um pouco o sentimento de progressão. As lutas - pelo menos na demo - te colocam contra inimigos que precisam de quatro ou cinco golpes (e até mesmo um finisher nos moldes de "God of War") para serem despachados. A impressão que a demo passou foi de que a Mercury Steam decidiu separar momentos de plataforma e de combate. É uma opção pessoal, sem dúvida, mas tememos se isso irá implicar em um level design menos autêntico e natural.
Depois de derrotar alguns esqueletos (que lançam machados em arco no melhor estilo "Castlevania") e realizar alguns pulos duplos simples, o jogo nos apresentou seu primeiro chefe, uma enorme armadura oriental que mais parece o primo japa do clássico Axe Knight. O vilão usou uma sequência de golpes que envolviam correntes e foices, mas não foi muito desafio: bastava se aproximar, dar uma chicotada, sair do alcence do vilão e repetir. Um problema desta batalha foi que os golpes do chefão não acertavam exatamente onde pareciam: mesmo um golpe baixo parecia acertar em uma área ao redor do vilão, mesmo se você pulasse sobre sua corrente. É coisa mínima, mas por uma série conhecida por chefões incríveis, este não foi exatamente um começo promissor.
Depois de derrotado, o chefe deixou o caminho aberto para uma pequena catedral e algumas catacumbas subterrâneas. Aqui, Trevor recebe um bumerangue laminado que pode ser carregado para maior poder de fogo e usado para estender suas combinações de ataque. Além disso, o caçador é capaz de usar o chicote em algumas partes específicas para acessar plataformas distantes. Depois de quebrar o piso da catedral o herói precisa abrir uma porta em um simples puzzle de alavancas. É outra coisa estranha pra quem está acostumado a jogar "Castlevania" 2D: não há muito botões a se apertar ou alavancas a pressionar nas velhas versões do castelo de Transilvânia, e ter que fazê-lo aqui parece meio que... impróprio.
Então, resumindo nossa experiência com a demo, a impressão é que "Mirror of Fate"é um "Lords of Shadow" em perspectiva bidimensional (até mesmo o sistema de magia negra e branca é parecido) e nada muito além disso. Longe de desmercer o esforço da Mercury Steam de fugir da fórmula padrão (foi o que nos fez gostar de "LoS" pra início de conversa), mas esperamos algo além de uma simples mudança de perspectiva nesta versão. Foram apenas 40 minutos do jogo, e ainda há três personagens e um bocado de conteúdo, portanto espere nossas impressões finais quando o jogo chegar em 2013. É, temos bastante chão pela frente. Diz Leonardo Teixeira do POP Games.
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