Bom, depois de tempinhos sem vim aqui no blog, estou voltando a ativa. Era tanta correria na faculdade e com a cpnfecção do meu cosplay, que mal posso entrar aqui. Mais trago noticias sobre o Anime Lost Canvas. A galera do CavZodiaco adquiriu o Blu-Ray e o DVD e disponibilizou fotos interna do Blu-Ray. Confira:
Card Dokho de Libra, para aqueles que adquiriram o Blu-Ray na pré-venda!
Fotos do anime com alta qualidade extraida do DVD clique aqui
Fotos da abertura com alta qualidade extraida do DVD clique aqui
Ontem (por causa do fuso horário), no Japão, aconteceu a pré-estréia dos dois primeiros episódios do anime do Lost Canvas em um cinema japonês. Alguns fãs filmaram a exibição e disponibilizaram os vídeos, em baixíssima qualidade, já que é uma versão filmada com câmera digital, na Internet. Confira resumos dos episódios e os videos abaixo, que foram divulgados no Youtube.
1º Episódio: A promessa
A introdução do primeiro episódio não foi filmada, portanto não dá para saber se ela segue exatamente o mangá. A abertura também não foi filmada!
- O episódio começa com Tenma protegendo Alone dos garotos que queriam matar o cãozinho.
- Alone está pintando na igreja quando dois padres surgem para conversar com ele sobre a sua pintura. Uma estrela surge na testa de um dos padres (ele é na verdade Hypnos). Alone diz que não está encontrando a tonalidade vermelha que deseja. Hypnos diz que Alone encontrará o vermelho que deseja em uma floresta localizada ao norte da vila.
- Alone, juntamente com o cãozinho, parte em direção à floresta que o padre (Hypnos) citou. Ele fica admirado com a beleza do lugar, lembrando até os Campos Elíseos, e resolver pintar um quadro ali mesmo!
- Pandora surge e mata o cãozinho com apenas um olhar. Em seguida ela beija Alone, que começa a sangrar na boca. Ele começa a se transformar em Hades e o pentagrama, com os dizeres: Your's Ever (Para sempre seu), surge em seu peito!
- O episódio possui uma espécie de Eye Catch, com o logotipo do Lost Canvas
- Dohko está vestindo uma roupa casual chinesa quando é supreendido por três espectros (um deles é o Giganto de Ciclope). Ele veste a sua Armadura de Libra para lutar. Com o Cólera do Dragão ele acaba rapidamente com os espectros. Antes de morrer, Giganto diz que Hades já reencarnou na Terra.
- Alone aparece acordando no orfanato. Lá estão Tenma e uma garotinha, que explica como eles encontraram Alone. De repente, Alone deixa cair o pentagrama de Hades e se mostra irritado com Tenma, que fica surpreso. Os dois acabam tendo uma longa conversa. Tenma explica que sente um força misteriosa ao ver o seu amigo sofrer.
- Alguns garotos dizem que a água do rio está transbordando e alagará toda a vila. Tenma, atordoado, vai embora correndo em direção ao rio. Ele encontra uma rocha gigante no caminho e começa a socá-la, sem sucesso. A rocha na verdade estava impedindo o fluxo completo do rio, ocasionando o transbordamento dele. Dohko está por perto e vê a cena. Tenma consegue queimar o seu cosmo, lembrando de Alone, e destrói a rocha com apenas um soco. Dohko fica perplexo vendo a cena, mas parte para cima de Tenma para salvá-lo da correnteza do rio! Tenma fica feliz ao saber que salvou a sua vila e seus amigos!
- Dohko diz que é um Cavaleiro de Atena e que vai treinar Tenma. Tenma conta a novidade para Alone. Alone chora ao saber que Tenma vai embora com Dohko, mas os dois fazem um pacto: Tenma se tornará um Cavaleiro de Atena e Alone se tornará um grande pintor. Dohko vê Alone e sente algo nele. Dohko e Tenma partem para o Santuário!
- O encerramento não foi filmado!
2º Episódio: O Despertar de Hades
- O episódio começa com uma espécie de resumo do que aconteceu no primeiro episódio, mas bem curtinho. Logo em seguida começa a abertura!
- Shion surge andando em direção a sala do Mestre, no Santuário, onde está acontecendo a reunião dos Cavaleiros de Ouro.
- Alguns aspirantes a Cavaleiros estão treinando no Santuário, entre eles uma mulher. Yato aparece e encontra Tenma. Os dois se desafiam e começam a lutar. Tenma sai derrotado. Esta passagem no anime é nova, já que não existe no mangá.
- Tenma fica irritado com a derrota e soca uma pedra. Ele tem a pulseira de flores em seu braço direito. Dohko surge, dando a primeira lição sobre o cosmo para Tenma. (Lembra muito quando Marin explicou sobre o cosmo para Seiya e está cena é mais longa, comparando-a com o mangá).
- Tenma encontra uma garota e vê uma pulseira de flores em seu braço. Tenma a pega pelo braço e a reconhece: ela é Sasha. Tenma, Alone e Sasha foram criados juntos no orfanato!
- Um espectro surge, atacando Sasha e Tenma: ele é Laimi de Verme. Ele ataca novamente com seus tentáculos, capturando e prendendo Tenma.
- Ao ver o espectro partir em direção de Sasha, Tenma queima o seu cosmo e dispara um golpe para cima do espectro. Entretanto, ele não consegue atingir Laimi, que começa a pisoteá-lo.
- Sasha, já como Atena, manda o espectro parar. Laimi fica perplexo ao ver o cosmo da menina. De repente, surge Shion de Áries e mata o espectro com a Revolução Estelar.
- Eye Catch é mostrado
- Dois anos se passaram. No Coliseu, Tenma vence um dos aspirantes a Cavaleiro de Atena (um aspirante gigante, lembrando Seiya com Cássius) e se torna o Cavaleiro de Pégaso, vestindo a sua armadura em seguida. A armadura foi entregue pelo Mestre do Santuário, que já dá a primeira missão para Tenma: partir para a Itália, onde alguns espectros de Hades já se encontram (a cena é um pouco mais completa no anime do que no mangá). Tenma faz sinal de positivo para Atena (Sasha), despertando ciúmes em Yato!
- Alone aparece pintando o seu quadro quando é surpreendido novamente por Pandora. Ele lembra do beijo que ela deu. Pandora leva Alone para a catedral que Alone sempre quis conhecer. Surge Hypnos, o convidando para entrar na catedral.
- Após dois anos, Tenma finalmente consegue ficar frente a frente com Atena (Sasha). Os dois começam a relembrar o passado, a infância deles no orfanato.
- Alone entra na catedral e vê a pintura que ele sempre quis ver. Ele fica perplexo ao vê-la. Ao chegar mais perto, ele se depara com algumas crianças mortas, crianças que ele havia pintado tempos atrás. Pandora e Hypnos explicam que a morte é a salvação. Alone entende e vê a imagem de Hades com a sua Surplice. Com a ponta dos dedos, ele encosta na ponta dos dedos de Hades. Agora Alone se torna Hades definitivamente!
- Atena pressente que a Guerra Santa contra Hades começou!
- O encerramento é mostrado: uma espécie de pintura é queimada e, conforme ela vai sendo queimada, surge a imagem de Alone, Sasha e Tenma.
- O preview do terceiro episódio é mostrado!
Fonte de Texto e Imagem: CavZodiaco / Videos: Youtube
Essas são as novas imagens do anime The Lost Canvas divulgadas nas revistas japonesas Animedia (foto 1) e NewType (fotos 2 e 3) do mês de junho. Os ingressos da pré estréia do anime que ocorre dia 14 deste mês no Japão, já estão esgotados, e dia 24 é o lançamento do anime em DVD e Bluy-ray.
Dia 05 de junho, a galera do Site CavZodiaco receberam os 5 cartões postais que vem de brinde na compra do Box Fase Eliseos de Hades, juntamente de um postêr. Lembrando que os postais só serão adquiridos quando a compra for feita através do link especial que têm no site CavZodiaco. Confira as fotos acima, clique e veja em tamanho real. Está esperando o que? Garanta já o seu box, acesse o site: http://www.cavzodiaco.com.br
O criador dos Cavaleiros do Zodíaco, Masami Kurumada, atualizou o seu SITE OFICIAL com imagens do encarte do CD musical do Lost Canvas, contendo as músicas de abertura e encerramento e suas variações. Com lançamento previsto para o dia 25 de Julho de 2009, pela Daiki Sound, este CD trará 6 faixas. Para comprar o CD, CLIQUE AQUI (o preço dele abaixou e agora é de 1500 Yen, ou seja, cerca de R$ 30,39 + o frete).
Faixa 1 - O Reino de Atena (Versão TV) Faixa 2 - O Reino de Atena (Versão Completa) Faixa 3 - O Reino de Atena (Karaoke) Faixa 4 - Cadeia de Flores (Versão TV) Faixa 5 - Cadeia de Flores (Versão Completa) Faixa 6 - Cadeia de Flores (Karaoke)
Agora é oficial: a capa do 1º Blu-Ray japonês do anime do Lost Canvas será igual a capa do 1º DVD. A confirmação veio através de uma imagem no SITE OFICIAL do anime.
Uma boa dica para os fãs colecionadores que estão aguardando ansiosamente o lançamento dos episódios em anime do Lost Canvas: a loja virtual CDJapan.co.jp está oferecendo a pré-venda do primeiro DVD e do primeiro Blu-Ray japonês do Lost Canvas, previstos para serem lançados no dia 24 de Junho de 2009. Para quem faz questão de ter todo o material original em japonês, em altíssima qualidade, vale a dica dos links abaixo:
1º DVD por apenas 6200 Yen (cerca de R$ 125,48 + impostos)
1º Blu-Ray por apenas 7200 Yen (cerca de R$ 145,72 + impostos)
Emerson Abreu tem 34 anos e há 13 escreve roteiros para a Turma da Mônica. Nascido no Rio, crescido em São Paulo e atualmente morador da cidade de Jundiaí, o rapaz mantém um blog onde fala de música, vídeo-game e, como não poderia deixar de ser, quadrinhos.
Após uma polêmica com a publicação de uma matéria no site A Capa sobre gírias gaysno número 5 da revistinha Turma da Mônica Jovem, a reportagem entrou em contato com o cartunista para que ele desse seu ponto de vista sobre a questão e falasse sobre a personagem Denise, que acabou adotando como sua preferida.
Em entrevista exclusiva, Emerson explica a origem da personalidade de Denise, influenciada por elementos como a cena clubber paulistana da década de 90 e até a drag Silvetty Montilla. O roteirista fala ainda sobre a aceitação da personagem, o preconceito dos jovens leitores e dá dicas para quem se interessa e quer trabalhar na área de quadrinhos.
Fale um pouco sobre você. Eu tenho 34 anos, nasci no Rio de Janeiro, cresci em São Paulo e atualmente moro em Jundiaí. Não fiz faculdade (sou contra esse tipo de "formalidade" para a classe artística), mas fiz alguns cursos de desenho e roteiro aqui e ali. Não sou casado, mas estou num relacionamento sério há quase cinco anos.
Há quanto tempo escreve roteiros para HQ? Escrevo roteiros pra Turma da Mônica há 13 anos, então tem toda uma geração aí que cresceu lendo minhas histórias. Além de fazer os roteiros, também desenha? Sim. Antes de ser contratado pela Maurício de Sousa Produções eu trabalhava como ilustrador num estúdio de publicidade. Para a MSP eu ilustrei o livro "O Gênio e as Rosas" (com textos de Paulo Coelho), criei uma série de estampas para o estilista Thiago Marcon do Projeto Fábrica Morumbi Shopping e também ilustrei alguns contos que saíram publicados em livros e gibis.
Como ingressou na carreira? O pontapé inicial foi um curso de quadrinhos que eu fiz aos 17 anos ministrado por Klebs Júnior (atualmente um dos diretores da Escola Impacto de Quadrinhos). Ali eu tive meu primeiro contato com profissionais do ramo e percebi que faria isso pelo resto da vida. Depois de passar um tempo desenhando para editoras menores, eu trabalhei durante três anos como ilustrador no Núcleo de Arte. Por fim, aos 21 anos, mandei um portfólio pra MSP e estou lá desde então criando histórias em quadrinhos e escrevendo roteiros de desenhos animados para cinema e DVD.
O que serve de inspiração na hora de escrever uma história? Qualquer coisa pode virar uma história. Você pode ter uma ideia enquanto assiste a um filme, no meio de uma conversa de bar ou jogando vídeo-game. No entanto, a maioria das minhas histórias vem de fatos que aconteceram na minha infância, então quanto mais experiência de vida, mais assunto você vai ter para escrever. Mas o mais importante mesmo é ler muito, não importa o que seja (livro, gibi, jornal ou até mesmo um blog na internet), desde que você esteja sempre alimentando sua mente com informações novas.
Fale um pouco da sua relação com a Denise. Antes de eu "adotá-la" como personagem favorita, a Denise era apenas uma coadjuvante das histórias da Magali criada pela roteirista Rosana Munhoz na década de 80. Mas até então ela não tinha uma personalidade bem definida (e nem mesmo um visual padronizado), só aparecia de vez em quando fazendo fofocas e criando intrigas entre as meninas. Na década de 90 eu achei que a personagem poderia render mais se tivesse um pouco mais de atitude, já que papas na língua ela não tinha mesmo. Nessa época, a cultura clubber estava no auge e eu resolvi enriquecer o seu vocabulário com algumas gírias para mostrar que ela era uma menina mais antenada com o mundo atual (e também porque eu achava engraçado o fato de ninguém entender absolutamente nada do que ela dizia). Expressões como "Se joga", "Acredita no bate-cabelo" e "Abafa o caso" começaram a brotar nas revistinhas bem antes de caírem no gosto popular.
Com o passar dos anos ela se tornou a mais autêntica das personagens da Turma da Mônica, sem medo de falar o que vem à cabeça, às vezes irônica e sarcástica, sua sinceridade machuca e é interpretada erroneamente como "grosseria" por alguns leitores. Enquanto as outras meninas do gibi são românticas, meigas e sonhadoras, a Denise tem uma visão mais cínica em relação ao mundo, é mais inteligente, descolada e realista. Entretanto, ela não é perfeita, ela erra (e erra muito), mas nesse caso ela sempre quebra a cara e aprende sua lição no final da história. É a velha fórmula de mostrar bons exemplos através de contra-exemplos.
Hoje em dia eu utilizo a personagem como uma espécie de válvula de escape. Tem muita coisa que eu vejo por aí que me incomoda. A sociedade ensina às crianças que é "normal" levar uma vida fútil baseada em status e desperdiçar seu tempo preocupado com "o que os outros vão pensar". A Denise vem na contramão desse comportamento, mostrando que é muito mais saudável levar uma vida autêntica e sem mentiras, doa a quem doer. Tem gente que me condena por colocar minhas opiniões desse modo nas histórias, mas é da natureza de qualquer escritor ser crítico e inconformado com o mundo. Roteiristas têm a obrigação de serem relevantes e precisam ter algo a dizer. Se você quer ingressar no ramo só porque gosta de ler quadrinhos é melhor que fique apenas lendo mesmo. Não há sentido nenhum em entrar nessa se você não vai trazer nada de novo pra indústria. A personagem é gay? Não, a Denise não é gay. Ela só se interessa por homens mesmo. Ela já namorou o Ricardinho e hoje em dia tem um leve interesse pelo Titi.
Há possibilidade de surgir um amigo gay da Denise? Bom, eu não posso falar pelo Maurício, mas na minha opinião é muito difícil. O fato é que o grande público ainda não está pronto para aceitar um personagem assim. Suponho que a culpa venha da formação retrógrada que os filhos recebem dos seus pais. Eles têm uma visão muito estreita do que consideram "bom para a criança ler". Lembro de uma ocasião em que eu escrevi uma história da Magali sobre reencarnação. Os pais católicos odiaram! Acharam que eu estava colocando conceitos religiosos deturpados na cabeça dos seus filhos. Já os espíritas adoraram e até utilizaram esse roteiro para explicar às crianças, de um modo simplificado, o que é reencarnação. Houve também, o caso da história da separação dos pais do Xaveco. Muita gente dizia que era um absurdo abordar um tema tão polêmico numa revista voltada ao público infantil! Em contrapartida, as mães separadas elogiaram a iniciativa porque seus filhos sentiam-se alienados lendo as histórias da Mônica, onde toda família era perfeita e todo mundo tinha pai e mãe!
Se esses dois casos causaram toda essa celeuma, imagine só o que um personagem gay causaria...
Apesar das gírias gays já estarem inseridas na sociedade devido ao espaço na mídia, como você tomou conhecimento delas? Eu sou gay assumido desde os 21 anos. Nessa época eu acabei conhecendo muita gente que falava assim. No início eu realmente não entendia nada do que eles diziam...
Você tem amigos gays? Já tive muitos, mas hoje em dia meu círculo social é formado praticamente por héteros.
Já assistiu a shows de drags? Antigamente eu gostava dos shows da Silvetty Montilla. Suas respostas rápidas e seu raciocínio ágil e inteligente serviram, mais ou menos, como uma inspiração inicial para o jeito escrachado de ser da Denise. É muito divertido, mas chega uma hora que cansa. Atualmente eu só saio de casa se for pra tomar chope num barzinho ou numa casa de rock alternativo. É a idade pegando...
Como o público assimilou as gírias da Denise? Não muito bem. Atualmente a aceitação é bem maior, mas alguns leitores ainda reclamam dizendo que as gírias nas histórias em quadrinhos atrapalham o aprendizado da língua portuguesa. Uma bobagem. Em um post no seu blog você chegou a dizer que a personagem já foi chamada de "mini puta" e "mini drag". Como você recebeu esse tipo de comentário? E, na sua opinião, a que se devem comentários desse nível? É muito triste saber que ainda hoje existem tantas pessoas que rotulam o comportamento dos outros dessa maneira. Se uma menina tem um pouco mais de atitude e não se faz de vítima o tempo todo ela é tratada com desprezo. Na verdade eu já comprei briga com muitos leitores por causa disso. Muitos deles achavam que a Denise era um mau exemplo pras crianças, mas hoje em dia ela tem um exército de fãs que compraram essa briga por mim.
No site A Capa, após a publicação da primeira matéria, alguns fãs e internautas se revoltaram com a notícia, querendo "limpar" talvez uma "pecha gay" da personagem. Por que acha que isso aconteceu? Acredita que talvez tenham ligado gírias gays a algo ofensivo? É claro que sim. Infelizmente, na sociedade em que vivemos, qualquer coisa que tiver uma leve conotação gay é tratada como uma ofensa à moral e aos bons costumes. Existem alguns fãs da Denise que acham suas gírias engraçadas, mas quando descobrem que são expressões gays, eles partem para a defensiva. Tentam argumentar dizendo que as gírias não são gays, que esse é apenas o jeito de falar de qualquer patricinha dos dias de hoje... Provavelmente são pessoas que não sabem que essas expressões existem há mais de 13 anos.
Nas histórias da Turma da Mônica também é comum haver inversões de papéis de gêneros, quando a Mônica acorda e virou menino ou os personagens masculinos usam roupas femininas. Acredita que de certa forma isso ajuda a separar a dicotomia de meninos x meninas ou essa inversão é muito mais pra fazer humor? Na grande maioria das vezes é apenas uma inversão criada para fazer humor. Mas em alguns casos essas histórias são usadas para quebrar aqueles velhos tabus que ditam que só os meninos jogam bola e que lugar de mulher é no fogão. Nos roteiros da turma da Mônica não existe nenhum elemento oculto ou mensagem subliminar escondida, na verdade a mensagem é a mais clara possível.
Você também escreve roteiros para a Turma da Mônica Jovem? Por enquanto eu só escrevi a história "Os Meninos são todos iguais" que saiu na edição de número 05 (Coincidentemente aquela em que a Denise apareceu). As gírias GLS da Denise estiveram presentes na edição 5 da TMJ quando foi investido nas histórias cotidianas. Mas a edição atual (na época em que a entrevista foi feita) é uma saga de ficção científica. Investir nessas aventuras intergaláticas é orientação da editora, pedido do público ou nem uma das anteriores? É uma forma de agradar todos os diferentes leitores da revista. Primeiro houve uma história envolvendo vários elementos comuns aos mangás (do número 01 ao 04), depois o público pediu histórias curtas envolvendo assuntos cotidianos (número 05) e, agora que temos o Marcelo Cassaro trabalhando conosco, a aventura intergalática é a bola da vez. Ele é um dos melhores roteiristas de mangá do Brasil e sua especialidade é exatamente a ficção científica.
Qual é a maior faixa etária do público leitor de TMJ? Não tenho dados exatos para responder essa pergunta. É claro que conseguimos uma nova leva de jovens adultos que voltaram a ler revistas em quadrinhos no meio desse processo, mas eu tenho a impressão de que a faixa etária permanece a mesma da linha infantil.
Histórias do cotidiano não causariam mais empatia do público que consome as revistas da TMJ? Não necessariamente. É tudo uma questão de saber dosar os elementos. Não importa se o roteiro se passa no Bairro do Limoeiro, no passado medieval, ou num futuro espacial, o que conta mesmo é o carisma dos personagens e a identificação do público. Além disso, para os fãs de histórias do cotidiano nós já temos a linha da Turma da Tina. O público adolescente, acostumado às grandes sagas dos animês, prefere aventuras mais elaboradas e emocionantes, com heróis intergaláticos ou não.
O Maurício de Sousa afirmou recentemente em entrevista à Veja que sempre pedem para que ele faça um personagem gay. Acredita ser possível um personagem gay na Turma da Mônica? Como eu disse anteriormente, não acredito que seja possível, pelo menos não num futuro próximo. Mas na minha opinião isso abriria uma porta gigantesca para a aceitação dos gays na sociedade, porque muito do preconceito existente hoje nas famílias brasileiras é moldado desde a infância. As crianças já crescem com a visão errada de que o único relacionamento "sério" e "digno" é aquele formado entre um homem e uma mulher. Quando uma criança assiste aos programas humorísticos da TV (como o "Zorra Total") ela acaba acreditando que ser gay é ser motivo de piada e de chacota. Não estou falando que criar um personagem gay influenciaria nossos leitores a seguir esse caminho, o que eu estou dizendo é que as outras crianças aceitariam esse amigo "diferente" com muito mais naturalidade.
Se as crianças tivessem um contato mais cedo com as diversas "alternativas" existentes no mundo elas cresceriam muito mais resolvidas com sua própria identidade. E isso não se aplica apenas à aceitação da sexualidade, mas também à aceitação das diferentes religiões, filosofias de vida e quaisquer outras escolhas que elas terão que enfrentar no futuro.
Eu sei que uma história em quadrinhos tem apenas a obrigação de ser lúdica, interessante e divertida. Mas nós, como roteiristas, temos em nossas mãos a ferramenta de educação mais poderosa do país, afinal de contas todas as crianças do Brasil aprendem a ler com os gibis da Turma da Mônica. É uma responsabilidade imensa nas costas. Não quero parecer pretensioso, mas uma palavra utilizada da maneira certa em uma história pode ser o estopim pra uma mudança muito maior no futuro dessas pessoas. Estamos lidando com a Teoria do Caos todos os dias aqui. Ser roteirista é ter o poder de colocar a sua forma de ver o mundo na cabeça de milhares de leitores todos os meses. Você pode não concordar, mas é a mais pura verdade!