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O ator e dublador Hermes Barolli foi uma das grandes atrações do AnimExtreme no último final de semana. Com carisma e bom humor, ele contou para o Filhas da PUC um pouco sobre sua vida e trabalho.
CONFIRA AQUI A ENTREVISTA:
“Os meus pais já dublavam e eu sempre circulei pelo meio. O meu pai não morava com a gente, e em uma visita, ele disse que estava precisando de uma criança para dublar um filme. Daí, ele me falou: ‘faz esse teste aqui’. Fiz o teste e nunca mais parei” – conta Hermes ao narrar seus primeiros passos na carreira de dublador aos 10 anos de idade. Aos 14, iniciou aulas de teatro e, com 18 anos, deu voz ao protagonista da série Cavaleiros do Zodíaco: Seiya de Pégaso.
Logo cedo, Hermes já teve a possibilidade de aprender com o trabalho de seu pai, Gilberto Baroli, um dos maiores dubladores do Brasil.
“Meu pai me ensinou muito, mas não pelo fato de ser uma pessoa crítica. Ele me dirigiu em alguns trabalhos e eu, quando criança, tinha dificuldades em fazer reações. Então, tinha casos em que ele mandava gravar e me dava um susto por trás pra eu poder ter uma reação natural”.
Em 2005, formou-se na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, a melhor escola de teatro do Brasil. Durante sua carreira, Hermes também teve participações na televisão, como nas novelas Kubanakan e Uga-Uga, da Rede Globo. No cinema, trabalhou em Nossa vida não cabe num opala de Reinaldo Pinheiro e Ação entre amigos de Beto Brant.
“O cinema e a TV são os mercados que eu ainda não tenho uma grande entrada, mas são objetivos. Eu quero passar por tudo.”
Hermes Baroli já falou por atores como Edward Norton, Matt Damon, Brad Pitt ou ainda Ashton Kutcher. Protagonizou seriados como Prision Brake, O homem invisível, Power Rangers, entre outros diversos. Viveu personagens animados como Seiya em Cavaleiros do Zodíaco, Action Man, Diabolik, MISS Pig em Muppets, Manda Chuva entre outros."
Com 22 anos de trabalho, o dublador é sócio e fundador da Central duBrasil, que já está no mercado há 4 anos em São Paulo.
“A Central duBrasil é o único estúdio-escola no Brasil. Ela foi criada com o objetivo de que a dublagem brasileira recupere o seu posto de melhor dublagem do mundo, lugar em que já esteve com méritos e que vai retomar com a nossa ajuda. Nós especializamos atores nessa área, ensinando a técnica, a como realizar esse trabalho com qualidade, a ética e a política dessa profissão pra que a gente possa, de fato, renovar em todos os sentidos. Eu faço na duBrasil a dublagem como eu acho que ela deve ser feita”.
A dublagem brasileira é restrita aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Ainda assim, Hermes acredita que a tecnologia da televisão digital, no futuro, seja capaz de mudar muitos aspectos dessa realidade nacional.
“O mercado está em crise há muito tempo. A gente tem trabalhado pouco em função de diversos fatores, como greve de roteiristas americanos, queda do dólar, subida do dólar e a crise mundial propriamente dita. A TV digital, que veio para abrir oportunidades, acaba sendo um problema, pois ninguém sabe o que vai acontecer. Enquanto não sei o que vai acontecer, eu não dublo o meu filme, porque corro o risco de ter que redublar, caso mude a tecnologia. Então, eles estão segurando muitos trabalhos, a não ser que tenham urgência de ser apresentados”.
Hoje, com 32 anos, o ator mostra um espírito muito jovial e uma paixão imensa pela profissão. Ele se dedica bastante, também, ao trabalho de professor.
“Dar aula me renova muito. Me dá a possibilidade de ter contato com o olhar novo, o olhar de quem não está viciado nisso ainda. Então,o aluno me dá novas possibilidades o tempo todo, e eu tento estar sempre atento”.
O interessante disso tudo é poder conhecer um pouco sobre uma voz que acompanhou e que continua acompanhando a vida de milhares de brasileiros. A profissão de dublador, no nosso país, é rara e, na grande maioria das vezes, não é valorizada com o mérito que deveria. Bem como disse Hermes, “o meio artístico, assim como a política, é um lugar onde o ser bom é subjetivo. Então há espaço para os medíocres, e eles podem passar a cargo de direção com muita rapidez nesses mercados, infelizmente. Isso acontece pela subjetividade de o que é ser bom. Pra você é uma coisa, pra mim pode ser outra”.
A mensagem que Baroli deixa para quem tem um sonho de ser dublador é a seguinte:
“Nunca desistam dos seus sonhos. O primeiro passo é se tornar ator, estudar muito teatro, teatro, teatro. Depois, estudar mais teatro, e enfim, fazer um bom curso de dublagem”.